O Sopro
A caminhada reencontra a chuva,
Rompe o vento e aspira o perfume estonteante da poesia viva
A vida
A felicidade é um sonho imenso
Um beijo intenso
Um prazer consenso
Sentenciada num espaço minúsculo, entre um segundo e a eternidade.
E nós ?
Ilhas humanas
Vivemos dependentes das fábricas de ilusões
Presos nas angústias de uma auto piedade, no torpor doentio do tédio
Somos compradores complacentes
Observando vitrines, vazias de gente
Em passadas velozes e sem rumo, sob um semblante de risos carentes.
Na aventura desconexa do viver, doamos um coração sem preço
Esperando uma partícula de amor verídico
Que preencha as lacunas entre a música e o sofrimento
Que desate os nós, dos versos tristes que nos dissecam
E que cicatrize os cortes profundos, que se reinventam a cada lágrima.
As vozes ocultas dos nossos julgadores
Nos perseguem nas madrugadas de solidão vencida
Nas praias, cachoeiras, rios e bares
No banho de chuva que ainda nos pertence,
Sem crime consumado
Sem culpa
Sem inocência
E nós ?
Juntos
Desprendemo-nos do visgo vicioso da mesmice
Combatendo dia a dia, por uma vida plena, digna e rara
Num respirar persistente
Na suavidade da brisa, depois da chuva.
Na perfeição do sopro divino