CONSELHEIRA PRIMAZ

A morte me serve de norte

nesta vida sem rumo

Por ela meço meus atos

descobrindo sua validade

revelando sua estupidez

Por ela miro os amantes

os pais com seus filhos

e as rodas de amigos

e sinto que é o mais perto do Paraíso

que se pode ter neste mundo

Ela me dá lucidez

para ver o óbvio velado

para andar como andarilho

para ver como um viajante

e sofrer menos

com as causas perdidas

e sorrir sem triunfo

com as lutas vencidas

É ela que traz à tona

as memórias que valem

os gestos necessários

a força sob medida

as falas indispensáveis

É quem me tira a ilusão

dos dias eternos

das horas sem fim

do tempo infinito

de tudo que é bom

e não se acaba

É luz que ilumina

o passado e o futuro

e, em demasia, o presente

Pelos conselhos que dá

dissipando sonhos nevoentos

desejos pueris

vontades frívolas

e tudo que é vão

acelerando, mais que o necessário,

as batidas desse coração mortal.

Fabio Ferreira S
Enviado por Fabio Ferreira S em 30/06/2020
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