ANDORINHA MENSAGEIRA
                         
A andorinha mensageira
Desprendeu-se em revoada
Apartou-se de seu bando
Permanecendo, inda voando
Pelo fortuito pressentido
Aproximando, vem perigo
Partiram então, em retirada!
                      
A cruzar montes, cordilheiras
Tem muito  ainda que viajar
Solitária, flanando á noite
Esquivando-se de açoites
Tenta pousada nos ninhos
Sem lastros de passarinhos
Sem ter como descansar!
                       
E assim e dessa maneira
Voa triste e sozinha
Bate e parte na invernada
Parece fim, restou-se o nada
Sem cessar, sem se omitir
Sequer pensa, desistir
A andorinha mensageira!
                                  
Eis que uma luz se avizinha
Num rancho beira de estrada
Um sinal quem sabe, guarida?
Uma chance, sopra a vida
Um enorme galinheiro
Por dono, um galo hospedeiro
O cantador da madrugada!
                                        
Ela conta que o mal se aproxima
E diz ser esta sua missão
Ir às fronteiras no azul
Viajando em mares do sul
Pra falar de bichos escrotos
Feito nuvens de gafanhotos
Tomando a imensidão!
                                              
Alardeado por todas aldeias
Agora também em coral de passarinhos
Solidários com a gentil andorinha
Que teimou voar, e resistir sozinha
Na sua incumbência sagrada
Fazendo do ar, sua estrada
A nos alertar, dos descaminhos!