A vida

A vida

Numa realidade fantasiosa, de segundos de anos e anos de segundos,

No amor o tempo é relativo a sua tristeza e suas mansões repletas de seus vazios,

Quando se começa no fim e no final se recomeça, nos aplausos de ninguém,

Acreditar no que não se vê é apontar uma arma sem balas no coração que morre a cada batida.

Nas frações do tempo onde tudo já é tarde e as chances são imaginárias,

O fim daqueles que achavam começar é atraente para os que já percorreram todo o caminho,

Tantos olhos e tantas armas disfarçadas de lábios que matam tanto quanto o animal feroz,

Tanto se condenam e se perturbam em uma inteligência estúpida que julgam ceder ao céu.

No peito é guardado lembranças não vividas, guardadas no espaço que tenta se completar,

Os dias passam como marés passageiras, tão desejadas mas o esforço é cansativo,

Abrir os olhos é tão difícil, como espinhos que acorrenta as pálpebras,

E quem sabe já não existe ou calou-se perante toda a ignorância de quem é perfeito.

As flores dos campos só existem nos campos, a chuva só existe no céu e a realização somente nos sonhos,

A esperança adormeceu, o amanhã é tão incerto quanto o hoje, e mesmo a vida perfeita em cada modo se torna imperfeita,

Os céus abraçam o miserável que é julgado por outros miseráveis e o tornam vencedor.

E mesmo se o choro corroer a alma e petrificar o caminhar, o sol ainda brilha lá em cima para todos,

O céu ainda é azul e o luar é visto, o calor é sentido e desejado,

E mesmo que todas as tempestades passem pela existência, e até mesmo se a terra partir-se no meio,

No amanhã ainda existiria amor.

Maria Fernanda de Araújo Dantas
Enviado por Maria Fernanda de Araújo Dantas em 22/06/2020
Código do texto: T6985105
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