A vida
A vida
Numa realidade fantasiosa, de segundos de anos e anos de segundos,
No amor o tempo é relativo a sua tristeza e suas mansões repletas de seus vazios,
Quando se começa no fim e no final se recomeça, nos aplausos de ninguém,
Acreditar no que não se vê é apontar uma arma sem balas no coração que morre a cada batida.
Nas frações do tempo onde tudo já é tarde e as chances são imaginárias,
O fim daqueles que achavam começar é atraente para os que já percorreram todo o caminho,
Tantos olhos e tantas armas disfarçadas de lábios que matam tanto quanto o animal feroz,
Tanto se condenam e se perturbam em uma inteligência estúpida que julgam ceder ao céu.
No peito é guardado lembranças não vividas, guardadas no espaço que tenta se completar,
Os dias passam como marés passageiras, tão desejadas mas o esforço é cansativo,
Abrir os olhos é tão difícil, como espinhos que acorrenta as pálpebras,
E quem sabe já não existe ou calou-se perante toda a ignorância de quem é perfeito.
As flores dos campos só existem nos campos, a chuva só existe no céu e a realização somente nos sonhos,
A esperança adormeceu, o amanhã é tão incerto quanto o hoje, e mesmo a vida perfeita em cada modo se torna imperfeita,
Os céus abraçam o miserável que é julgado por outros miseráveis e o tornam vencedor.
E mesmo se o choro corroer a alma e petrificar o caminhar, o sol ainda brilha lá em cima para todos,
O céu ainda é azul e o luar é visto, o calor é sentido e desejado,
E mesmo que todas as tempestades passem pela existência, e até mesmo se a terra partir-se no meio,
No amanhã ainda existiria amor.