DE - SEN - VELHECER - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros

DE - SEN - VELHECER - Luiz Poeta - Luiz Gilberto de Barros

Desenvelheço toda vez que me retoco

E a maquiagem que me dou, não me desmente,

Ela é o presente de um passado que eu evoco,

Quando meu foco é viver mais intensamente.

Rejuvenesço quando pinto meus cabelos

Mas alguns pelos denunciam minha idade,

Minha saudade nunca cede aos meus apelos...

Sem atropelos, chega com suavidade.

É impressionante essa leveza cristalina

Que as retinas não contém, quando algum pranto

Faz meu encanto mais feliz dobrar a esquina,

Mas me deixar algumas notas de acalanto.

Que bom cantar... toda canção tem o poder

De me fazer amar o tempo em que a poesia

Sempre se alia à energia de viver

E compreender o meu amor com alegria.

Minto e desminto minha dor mais escondida

E enquanto há vida num canto da solidão,

A pulsação do meu amor sempre revida,

Quando, atrevida, a dor convida-me à razão.

Desenvelheço ao zombar do meu espelho,

Quando um joelho me impede de levantar...

O meu olhar vê, nos meus olhos, o fedelho

Que eu sempre fui, vendo um espelho se quebrar.

Sorrir me leva ao que me enleva e me abençoa,

Minha alma voa pois é preciso sonhar

E para amar é só criar um sonho à toa,

Pois é tão boa a sensação de não chorar.

Rejuvenesço, eu mereço este momento

De ver o vento expondo as pétalas no ar,

Pois toda vez que o vento cria outro rebento,

Eu polinizo um novo tempo em meu olhar.

... às 12h e 1 mi do dia 9 de maio de 2020 do Rio de Janeiro Brasil - Quarentena - Registrado no Recanto das Letras. Visite-nos.

LUIZ POETA
Enviado por LUIZ POETA em 19/06/2020
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