NOITE

Sou silêncio, sou desejo, sou medo,

Das profundezas do meu silêncio precário

Uma voz calada me fala tão alto, mas tão alto

Que deixa de ser o silêncio abstrato

Meu íntimo te deseja, mas o desejo é tanto

Que o medo estraçalha a calma, entorpece o encanto

Tão alto é o silêncio, que mal posso ouvir meu pensamento

Mas, posso pensar no que penso, e penso

Escuto o nada, vem o vento, traz mensagens de outro tempo

Luzes pálidas insistentes reluzem coloridas

Mas, prevalece o negrume das sombras reunidas

Meu passo tímido sobre a passarela se alterna

Mas a noite permanece eterna.