Reflexus Persona
Nunca tive talento para desenhar.
Poucas foram as vezes que pintei.
Quando o fiz, foi de branco, paredes.
Há uma guitarra no canto de uma delas,
Que aguarda por um momento de espanto,
Que espera por seres encanto,
Enquanto ouço um violino ecoar-te nelas.
Um violino cuja viva voz diz:
- Ânima!
- Oh Ânimus!
- Vê se te Ânima ao espelho,
- Refletir Ânimus de mim.
- Recorda o dia em que Ânima chorou por ti
- E o teu Ânimus viu sangrar os teus dois joelhos!
Por que a verdade é dois de mim,
Em que um:
tudo vê;
tudo sabe;
tudo tento;
tudo sente;
Enquanto o outro sentimento,
Não sabe sequer o que tem por dentro,
Só sabe que quer o que tem talento.
E não é fácil ser o verso,
Nem único no meio de tanta imundice,
Onde à razão da cognitiva,
Criou mundos com tenção de ser tolice!
Ou não!...
Enquanto o verso não era, o inverso disse:
- EU SOU!
E a dois minutos cósmicos
Da razão ser, com tenção de ser tolice,
A expressão que tudo disse,
Lançou quatro esfera à sorte.
Sem tento nem intento,
De ser Patrono, Matriz, Forma ou Morte.
Numa sangrada trindade,
Onde o olho vê atento.
Não pensa se é bondade ou maldade!
.
.
.
Homo-sapiens em constante evolução,
Como fazeis para dar equilíbrio
Entre razão e emoção?
Entre decisão e indecisão?
Entre justificação e contradição?
Pare... pare um pouco!
Agora seja muito mais ternura,
No lugar de muita bravura.
Enxergue o talento único em suas mãos,
Mãos que esculpem sempre as melhores palavras
E que tendem a ressignificar as mais belas gravuras.
Diz a Arte em resposta a ti:
- Ânima, oh Ânimus!
- Se em contenda, contenha-se!
- Mas se empurrado aos abismos,
- Jamais abstenha-se!
Aquele que decerto um dia afirmou: EU SOU!
Também por muitas vezes se questionou
O primeiro dentre milhares de pensadores
A chamar Deus de Pai
E mesmo em meio ao deserto, não desertou
Ser verso, ser controverso, ser adverso,
Também são características do Verbo
E é por Ele que nos tornamos sujeitos elípticos,
Participantes da imensidão do Universo.
Então, volte-se à suas paredes em branco,
Faça rabiscos com seus próprios pincéis,
De sua arte tão peculiar e intimista,
Poderás ser sempre seu próprio roteirista.
Acorde!
Ao lado da parede descansa a guitarra,
Esperando que transforme seus gritos em decibéis
E a harmonia de seus versos em acordes!