O SALVADOR DE TODAS AS RAÇAS
Sentado num banco no calçadão.
Parecia invisível aos transeuntes,
Observava os detalhes da indiferença
Seus olhos eram apenas coadjuvantes,
Seu coração é que fazia a diferença.
Queria ser olhado, tocado, amado,
Mas a sua cor não brilhava aos olhos
Ele era um ‘ninguém’ sentado ali,
Desprezado por levantados sobrolhos
Chorou por aqueles, que queria sorrir.
E n’Ele não eram vistos os devidos valores.
Nem poderes e, nem sequer, amores.
Não por está irreconhecível, mas por temores;
Ele veio preto e diante os olhares de horrores,
Nada falou! Continuou chorando, cheio de dores.
Ah, se aqueles transeuntes soubessem,
Que aquele preto ali sentado era Jesus!
O salvador do mundo, que nos “descasca”,
E dentro da “casca”, não tem cor.
Suas lágrimas lavaram aquele banco
Que muito branco, “sujou”.
Não por ser branco,
Mas pelo “preto”, que rejeitou.
Ênio Azevedo