Sentir-se farta na falta

E a gente vai aprendendo.

O real valor de certas coisas.

Que talvez na abundância.

Não sentíamos a relevância.

Como o valor de por aí andar.

Com a família passear.

A importância de respirar.

Sentir o sol arder na pele.

Sentir o vento soprando.

Atravessar a rua.

Tocar pessoas e coisas.

Tantas coisas que fazíamos.

Talvez mecanicamente.

Hoje voltam à mente.

Na nostalgia do momento.

Acordar de sobressalto.

E sair pra trabalhar.

Mesmo este ato.

Representava a liberdade.

Veja que contrariedade.

O trabalho está em casa.

Mas nos falta o fora de casa.

E na falta aprendo sobre o que tenho.

Na falta sinto-me farta.

Mas às vezes no meu peito sinto a falta.

Percebo meu mundo encolhido.

Sinto-me contraída, pequena.

Mas estou agradecida.

Sou agraciada.

Tenho um lar, uma família.

Estou respirando.

Estou contemplando o que tinha.

No que hoje tenho.

Aprendendo com as restrições.

A viver a completude.

Revendo as atitudes.

Entendendo as inquietudes.

E mesmo nessa confusão.

A esperança retorna.

Apesar da circunstância que transforma.

Tudo à nossa volta.

Sei que a paz logo volta.

Zenilda Ribeiro
Enviado por Zenilda Ribeiro em 04/06/2020
Reeditado em 15/06/2020
Código do texto: T6967222
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.