Sobre a hipócrita realidade
É sobre a dificuldade de se pregar a paz
Quando a história é feita com violência
Controvérsia em pedir o pacifismo
Quando sempre houve sangue derramado
Corpo caluniado no seu ato de silenciar
Diante de tanto barulho gritante do ódio
É sobre estar na linha entre o idealizado
E aquilo que foi cravado pelo outro lado
Sobre vencer ou ser vencido na força
Na brutalidade, na hostilidade
Permanecer nas franjas de um sistema
Que só enxerga e condena - sem razão
É sobre a insistência da marginalização
Abater o que foi cruelmente invisibilizado
Hoje, tachado pelo liberal de desalentado
É o corpo-moeda, corpo-matável
Corpo-de-merda, não é? Diga você!
Tudo em giro, montanha-russa, em ré
Rumo à morte sob o leito de seu ruído
Quando se nega qualquer humanidade
Legitima-se toda forma de agressão
Autoriza-se seu extermínio de antemão.
É praticar o ser inumano na vivência.
É sobre impedir de ser estatística burlável
O resto é conto para gado dormir contente.