ÀS 23:59 HS. DO DIA DE NOSSAS VIDAS
Este estranho título
me faz ressurgir
de luto
sem cerimônias, sem rito
e não vejo relógio
no mundo que me diga,
seriam 6 da tarde ?
Pode ser 7, 8 da noite
do dia de nossas vidas.
Pode ser 23:59...
mas o despertar pelas manhãs
é o que me move,
a luz de uma manhã
que já foi minha
e agora surge perplexa
numa aurora sem testemunhas.
E não mais importa
qual a hora
do dia de nossas vidas,
vejo agora
pedaços de pessoas
confinadas,
emparedadas sem luz
no cataclisma
de nossa história
e não há mais beijos
nem abraços nem apertos
sinceros de mão.
A máscara virtual
virou real
e a distância
antes tão curtida
nos smartphones
agora é forçada
por esse vírus
vindo de longe.
E agora ninguém quer
e agora ninguém vê
no próprio homem
o vírus do homem.
Mas faz tempo
que estamos em fuga
sem querer olhar
os olhos no fundo
e enxergar nas pessoas
todo um mundo.
Mas faz tempo
que estamos isolados
distantes e inseguros
longe de outras almas
e do profundo.
No relógio do dia
de nossas vidas
ora, pouco importa
se são 6 ou 23:59 horas
só queria uma aurora
para esta noite sem fim
que nunca encerra.
Só queria uma luz
meu Deus, só uma luz
na face das pessoas
desta Terra.