MUNDOS DIFERENTES
Tão aturdido eu nasci
Um clarão, barulho sem noção
Que não tinha lá no lugar de onde vim
Chorei, esperneei, mas logo aquietei
Senti meu Pai e minha Mãe ali
Pronto! Um “banho”, um manto
Um abraço, um afago, mamei...
Ah como amei!
Meu porto seguro, eu pensei
Então me ancorei.
O clarão cada vez mais reluzindo
Minhas pálpebras resistindo, mas enfim
Da missão neste mundo eu não poderia fugir
E tímidos, curiosos, foram se abrindo... Meus olhos
Ah meus olhos! Tanta coisa eu vejo
Ah meus olhos! Por que às vezes tanto choro
É que aqui é bem diferente de lá de onde eu vim
Me amaram, me amam, amei, também amo
Me ensinaram, aprendi, também ensino
Deixei de ser a plantinha só a dormir
E nem sou mais um traquino e inocente menino
Hasteei minha bandeira de luta, e luto
Aqui neste mundo injusto onde sou mero inquilino
Ouço, tudo de todos e por vezes chamo
Chamo pra me ouvir, pra comigo dividir
Mas às vezes clamo, quase a esvair
Tantos devaneios, tantos receios
Tanto alarido, mais choro do que sorrisos
Tantas batalhas, pra quase nada de vitórias
Tanto de bom a aprender, pra muito de bem fazer
Pra sair do rascunho e a próprio punho
Uma bela e notória história escrever
E ainda assim, “cegos”, incrédulos
Tanta gente a se perder, inébrios
É que aqui é bem diferente de lá de onde eu vim