MUNDOS DIFERENTES

Tão aturdido eu nasci

Um clarão, barulho sem noção

Que não tinha lá no lugar de onde vim

Chorei, esperneei, mas logo aquietei

Senti meu Pai e minha Mãe ali

Pronto! Um “banho”, um manto

Um abraço, um afago, mamei...

Ah como amei!

Meu porto seguro, eu pensei

Então me ancorei.

O clarão cada vez mais reluzindo

Minhas pálpebras resistindo, mas enfim

Da missão neste mundo eu não poderia fugir

E tímidos, curiosos, foram se abrindo... Meus olhos

Ah meus olhos! Tanta coisa eu vejo

Ah meus olhos! Por que às vezes tanto choro

É que aqui é bem diferente de lá de onde eu vim

Me amaram, me amam, amei, também amo

Me ensinaram, aprendi, também ensino

Deixei de ser a plantinha só a dormir

E nem sou mais um traquino e inocente menino

Hasteei minha bandeira de luta, e luto

Aqui neste mundo injusto onde sou mero inquilino

Ouço, tudo de todos e por vezes chamo

Chamo pra me ouvir, pra comigo dividir

Mas às vezes clamo, quase a esvair

Tantos devaneios, tantos receios

Tanto alarido, mais choro do que sorrisos

Tantas batalhas, pra quase nada de vitórias

Tanto de bom a aprender, pra muito de bem fazer

Pra sair do rascunho e a próprio punho

Uma bela e notória história escrever

E ainda assim, “cegos”, incrédulos

Tanta gente a se perder, inébrios

É que aqui é bem diferente de lá de onde eu vim

Záias Castro
Enviado por Záias Castro em 28/05/2020
Código do texto: T6960834
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