Eternizando o que não é eterno.

Eternizando o que não é eterno

E quando o crepúsculo saudar, e sua luminescência pairar sobre o horizonte,

Quando as águas chorarem e tudo for o mesmo, quando as nuvens se desencontrarem,

Quando o sol não chegar e não existir esperança, quando tudo parecer ser o fim,

Encontrarei um caminho, um reerguer que me faz tão infinito quanto o universo.

Quando as cartas não mais chegarem, e não houver telhados para abrigar o desespero da tempestade,

Quando tudo for incerto, ou até não existir mais o amanhã,

Quando morrer no coração do homem o perdão, e sobreviver a discórdia sobre ele,

Quando os olhos não enxergarem mais a realidade mas ver-se a guerra como início, ainda assim me levantarei.

Quando os espinhos tornarem-se caminhos, quando as flores não amarem mais o chão para nele sobreviver,

Quando a chuva for incessante, o rebaixado salvador e o exaltado pecante,

Mesmo quando o florir da bondade na alma não exaltar, e tudo for escuridão,

Ainda assim testemunharei que o amor existiu.

Pois te eternizei nas montanhas mais profundas, as quais os olhos não veem, as mãos não tocam, mas o coração vive,

Te eternizei onde não se existe eterno, no ar, nas águas, no invisível, na fé do impossível ser possível,

Te eternizei no mais fraco, pra que sejas a força, no mais magoado, para que sejas o perdão,

No amar infindável, para fazer de inimigos, irmãos.

Te eternizei no interminável, na esperança de um novo amanhã, pois quando de ti me recordo, os meus olhos veem além do infinito,

Veem tudo que é desvalorizado, bonito, tudo que é escuro, iluminado, por assim dizer,

O milagre de todas as manhãs, de respirar ou de não fazer-se nele, com todo parecer ou desaparecer, nada vai até tudo, mas tudo vem até mim,

No compasso infinito do tempo, onde espero eternizar-me junto a ti, numa declaração que ultrapasse o tempo, ultrapasse até mesmo nossos corações famintos de amor.