Dias Difíceis

Há dias em que as melodias são tristes, o verde das folhas se desbota e as palavras se misturam de um jeito perturbador fazendo com que a esperança se distancie e que o encanto se perca através das lentes da realidade.

Enquanto as máscaras se tornaram um objeto necessário, outras máscaras caem e o real aparece fazendo com que seja possível olhar para além dos olhos, algo se perdeu e os tropeços o denunciam.

A estranheza tantas vezes sentida doeu de um modo distinto, o que a tornou ainda mais assustadora.

De repente o romantismo nostálgico das histórias de amor escutadas se tornou menos mágico, mais amargo e mais solitário e a sua relação com a falta fez com que o modo como era sentido se perdesse, não seria possível encontrá-lo.

Havia algo de mágico naqueles dias, era possível tocar e ser tocado através do imaginário, os afetos, as fantasias, beijos, abraços e apertos de mãos e a real impossibilidade dos encontros agora buscava outros meios de continuar não acontecendo.

Dentre os novos arranjos, os desarranjos, as novas formas de gozo, os velhos gozos que se intensificaram e que se anunciam constantemente através da internet e com isso se reconstrói e também se perde.

Há dias em que os atravessamentos se tornam demasiados duros para se organizar e as luzes muito apagadas.