Noite de Chuva

Embora pareça que não, eu posso escolher
o que fazer
Em noites de chuvas
entre ventanias bruscas.

Em minha miragem,
não é apenas paisagem
a chuva que cai em cima de mim
como o estresse a me engolir assim.

Sem escapatória,
a chuva canta vitória
dominando a minha liberdade
presa na timidez e na ansiedade.

O impacto da chuva
me torna uma escrava muda
sem nem resistir minimamente
do estrago dela à minha mente.

Cansada de na rua tomar chuva na cara,
vou para a minha casa de forma renunciada.
Da janela, eu simplesmente observo
a chuva cair na rua em pleno inverno.

Observo passar ou não a ansiedade
não sendo parte da minha personalidade.
Observo passar ou não a timidez

não sendo presa à uma mudez.

Sem julgar como errado ou certo, não me cobro
a me dominar totalmente quando choro.
Ao invés de enfrentar a chuva estando nela;
eu apenas me percebo como observadora na janela.

Eu observo o momento de longe: as minhas reações e decisões
De forma respeitosa a mim não impregnadas pelas ilusões
de que a emoção escraviza o sujeito
que precisa domá-la de qualquer jeito...

Não julgo o meu momento. 
Eu encaro o meu sentimento
Para escutar a minha necessidade
dando voz a minha individualidade. 

Calma... Calma... Calma...
Falo serenamente à minha alma
que observa a realidade da chuva cair
na janela da minha mente pronta pra se ouvir...

 

Referência: Não sei se consegui passar no poema tudo o que consegui refletir no profundo vídeo de Jiddu Krishnamurti. Por isso, fica o convite para assistir: link: https://www.youtube.com/watch?v=ogfOWAJ7I5w&t=430s

Photo by Aleksandar Pasaric from Pexels