Lápide

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Lápide

Sei que - por Deus! - morrerei.

Se tu também partirás,

por que fugimos tanto?

A morte é certa, eu sei.

Um dia nos levará...

Só não quero o infindável pranto.

Que fique a saudade, apenas.

Do que fui, fiz e deixei.

Fui um curioso audaz

- Temi apenas o erro, pequei.

Fiz travessuras, amei

- Peço perdão,

não fiz por maldade.

Deixei livros e raízes;

deixei gratidão, bondade e dúvidas.

Vivi, todavia, intensamente.

Tive a honra de salvar.

Ensinei, compus, fiz versos...

Andei, corri, surfei, voei.

Chorei, sorri, acreditei, venci.

Até que, todos sabemos,

tive que partir.

Mas ainda não morri,

existe a vida póstuma!

Faço convites, vários:

leia meus livros;

escute minhas composições.

Em meus versos,

estão meus desabafos,

medos, confissões.

Em vida,

fui péssimo marqueteiro...

Mas as cinzas sepulcrais

fazem cócegas na imaginação,

pedindo olhares.

Não me deixem morrer!

Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 19/05/2020
Código do texto: T6951914
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