O adolescer, a escola e a Pandemia
E a vida?
Como é que a vida vai?
A vida vai embalada
Mas não,
Com embalagem de presente e laço de fita
É o embalo
Da vida corrida
A velocidade
Que desce a vida
Descendo a descida
Pense que a infância
A pré adolescência
A adolescência
E a juventude
Enquanto se cresce
São um período
Um espaço tempo
Em que a gente desce
Desce embalado
Na ladeira íngreme
Da rua da vida
Num carrinho de rolamentos
Que por sinal não tem freio
E quando a gente vê
Já vai passando o primeiro
O primeiro cruzamento
E vem o próximo
E vem o outro
E vem mais um
E vem mais outro
E mais outro
E maisoutro
Emaisoutro
E quando olha "pra" trás
Percebe que não deu tempo
De olhar para os dois lados
Ao passar o cruzamento
Aquilo que antigamente
Chamava-se pré escola
Mudou de nome
Para o adulto
Agora é chamado
Pelo adulto
De Educação Infantil
À criança pueril
É ainda a mesma coisa
Escola de brincadeira
Tempo de brincar de Escola
E enquanto nem se dá conta
É quando você prepara
O carrinho de rolamentos
O primeiro ano
É quando o joga no asfalto
Lá no alto
E passa o primeiro ano
E vem o próximo
E vem o outro
E vem mais um
E vem mais outro
E mais outro
E maisoutro
Emaisoutro
Quando se vê não deu tempo
Quem era mesmo que estava,
No primeiro cruzamento?
Aprendizes e aprenderes
Também algumas cobranças
Brincando lá na calçada
Talvez também alguns velhos
Velhos saberes e
Velhos fazeres
Da vida cansada
E no outro?
Umas disputas
Do mais forte, do mais rápido
E até do mais bonito
Nem se procura o mais feio
Já que não tem mesmo freio
Logo abaixo outra cobrança
Aí vem o sexto ano
E quem será que não passa?
Oh, brincadeira sem graça!
Mais livros e mais cadernos
Além de mais professores
E além de ser mais em número
Variação de valores
Quantos será que cruzei?
De verdade? Já nem sei
Nem sei quantos cruzamentos
Nem sei quantos pensamentos
Valores, comportamentos
Era professor entrando
Era professor saindo
E a vida? A vida vai indo
Epa!!!
Esse verbo aqui não pode
Isso aqui é redundância
Mas eu descendo a descida
Podia, lá na infância
Aqui não se há concórdia
Mas tem que haver concordância
E aí vem a divergência
E até intolerância
Vêm os novos pensamentos
Os novos conhecimentos
Na verdade já nem sei
Será que atropelei
Alguém nesses cruzamentos?
Talvez algum professor
Ou um estranho opressor
Um patrão ou um "senhor"
Ou mesmo um escravo mudo
Também nem se dá mais tempo
Tenho que lidar com tudo
Meu corpo e a puberdade
A moda, a mídia os amigos
E até alguns inimigos
Da minha velocidade
Do meu carrinho que desce
Afinal a gente cresce
Mas ainda se merece
O vento da liberdade
Porém a adversidade
De repente veio e PAN!
Bati numa Pandemia
Que acidente mais feio
Parei mesmo sem ter freio
Nessa tal calamidade.
Atropelei o planeta?
Ou achamos uma treta,
Eu e a sociedade?
Já que parei sem querer
Mesmo em plena descida
Que tal refletir um pouco,
E não entrar como um louco
Na outra fase da vida?
Mataremos o planeta
Ou ele que nos sepulta?
Na infância e adolescência
Pensemos na consequência
Da outra fase da vida
Pois não se foge à subida
Dessa tal vida adulta.