PATAS SEM LIVROS
PATAS SEM LIVROS
BETO MACHADO
Sem livros nas patas,
A carga nas costas
Balança indolente.
Se mira na gente pequena,
Acerta seus coices
Na boca do bucho.
Carrega seu luxo
Por entre as orelhas
E, se acaso, um esforço
As deixa vermelhas,
Vem, logo, a vontade
De exterminá-las...
Mas muda de idéia...
A cada aventura
A fria cavalgadura
Pisoteia, insensível,
O roto chão da miséria,
Como singram nossos mares
Iates belos, tranqüilos,
Sempre ninando a luxúria.