Negritude

Publicado na Revista Inversos, Volume 4, Número 11, Feira de Santana – BA, 2020.

A escuridão do meu passado

A negridão do meu corpo

O vermelho do sangue

O imprevisível da revolta

O desejo incontrolável pela liberdade

Sinto-me em devaneio

A minha emoção se dispersa

Toda minha carne treme

Numa paixão vibrante

Por todo preto que há em mim

As raízes cobriram minha pele

Esvoaçaram meus cabelos crespos

Escureceram a minha mente

Encorajaram as minhas palavras

Impulsionaram o meu grito

Surpreendi-me!

Beijou-me a negritude

Doravante, enfureci-me

Tamanha ousadia...

Porém, não recusei

É o meu (re)descobrimento

Renasço pelas fissuras

Reencontro o meu Eu

(Falsa)Eternamente assassinado

Inteira, aceito o beijo.