Leiam, por favor, é importante! (Nos espelhos dos olhos teu)
No espelho dos olhos teus
Saio pela rua, em dezenas de segundos que restam para chegar a esquina,
Nos espelhos espalhados pela rua que me tomam o reflexo, mas sequer me reconheço,
Meu coração parece ser levado por uma distância de luz, mas ainda permaneço,
Sinto-me traída por meu próprio abraço, por meu próprio eu que não me consome.
E mesmo dia, tudo parece escurecer, parece ir embora sem querer ser visto,
E todos esses espelhos que olham-me e me mudam,
Diferente em cada um, em cada exigência que persiste em gritar, em casa lugar que persiste em sufocar,
Nada parece ser, nada parece estar, não sou eu em todos eles, mas estou em todos.
E como numa neblina, nada a ser visto, só a ser receitado, a ser imaginado,
Nada a ser tocado tampouco abraçado, tão diferente, tão diferente sem ter-me,
Tantos cabelos, tantas roupas, tantos batons vermelhos, tantos e tantos,
Como podem, ver o que não existe, existir sem ter encanto?
Fecho meus olhos, para não ter reflexos sobre outros, para não ter reflexos sobre como meu coração sente-se,
Tudo se passa mas tudo se sente, num instante de desespero e numa eternidade de silêncios,
Quando caminho, não é o tempo que para, sou eu que paro para o tempo,
Em comprimentos e comprimentos, peço-lhe para que corra rápido, mas ele também está quebrado,
Mas me olha com ternura, sem ter-me nos olhos, mas ao ter-me nas mãos.
E longe, bem longe de tudo que amargava, vejo-me, com todos os meu pecados, com todos os meus cansaços,
Vejo-me por completo, com tudo que coloquei, com tudo que superei, vejo-me somente, sem tornar-me culpada ou inocente,
Vejo teu eu, que assim como eu buscava ver-se em algum reflexo, tão solitário e instável,
Tão cúmplice de tudo, teus olhos me viram, estou eu em teu espelho, que não precisou mudar-me, para amar-me.
Os espelhos neste poema, tratam-se dos olhos das pessoas, que julgam e condenam, que veem como querem e não como são. Trata-se do julgamento da aparência, da ignorância de criar alguém para ser quem já existe. Os olhos das pessoas condenam, e em um instante, nos descrevem como querem, como um julgamento de quem está ou não.