QUARENTENA
Saio do quarto para espairecer
Vou à cozinha, onde se aninha
As coisas que dão para comer.
Eu bem gordinho, uma gracinha
Vou para para sala, ligo a tevê
Para ver se o mundo tá na linha
Ali no sofá, passa a minha vida.
E olha que tenho é muita sorte
No jornal, anunciam as mortes
Enquanto em Brasília, as brigas
Seguem, e o governo persegue
Qualquer um que o contradiga
Na tevê, ministro e demissão
Um foi embora, pediu para sair
E o que ali ficou, não aguentou
Em pouco tempo o balde chutou
Saiu sem nenhuma explicação
Fez as malas e seu rumo pegou
O jornal anuncia, primeiro morte
Depois a política, já sem chefia
Não faz nada e o Brasil definha
No sofá deitado, eu tudo vendo
E nada daquilo eu entendendo
Sinto fome e volto a cozinha