(DEPOIS DO VENDAVAL)

(DEPOIS DO VENDAVAL)

Não fuja da frustração e da dor

Quântica mente identifique

Os que se comprazem em fazer

Você uma extensão do que são

Sem que você saiba estás talvez

A vivenciar o naufrágio e o pesar

Que não são seus. Seus não são

Sintonias por proximidade

Por inexperiência ou pouca idade

Uma mãe, um irmão, um parente

Saído quem sabe do mesmo ventre

Um ser que se originou na urna

Horrível, talvez duma alma penada

Que há muito tempo se perdeu

Não carregue o carrego, a carga

A carga pesada de uma mala

Uma mala de carmas que não

Não são seus. Há seres a dividir

Sem que saibas, a terrível conjunção

De traumas que se somam 100 mil

Sem que você saiba, ser um híbrido

De um ADN bastardo que não é teu

Seu corpo, sua mente se reduz

A um Templo oco, absorto no reduto

Inconsciente que sobre você desceu

Por obra e arte de uma chicana

De um sofisma, intriga, gravidez

Foste parido do Portal das Almas

Na paisagem populosa do veu

Do veu de Maya. Grinalda, tiara

Sorridente te pariu a clamar

Pela vontade de juízos maus

Foste vomitado do ventre hostil

Travestido de maternal desleixo

Por obra e arte da fresta Portal

Quem poderia saber ou te dizer

O que houve por trás desse ser

Múltiplo do aquém túmulo

Cercada criança nascida do além

Tão distante, tal maneira vizinha

Da cereja do bolo de seres tais

Há muito desaparecidos, caducos

Corroídos, que querem nascer

Gerar-se outra vez através de ti

Nesse ritual de passagem, agem

Acesso aparecido, fragmento

Passado e passadiço doutra geração

De mercenários gerados na barriga

Quimera de aluguel de há milênios

Legiões de sub-vidas sucedendo-se

Contagiando cidades desejosas

De tudo, talvez de superioridade

Alimentando os ceifeiros da vital

Vitalidade de crianças encarceradas

Que neles outra vez se tornam vidas

Transformando-se nas mesmas coisas

Neuro lógicas das ninfas parideiras

Que povoam planetas e hábitos

A renovar cacoetes e a fome ávida

Nas cidades destrutivas de magia

Magas e magras magnéticas modelos

A suscitar pragas, prazeres e vírus

Como se estivessem a gerar vidas

E o novo, juvenil, verde, viçoso agora

Se transforma em filhos das misérias

Frutos da prole das Fúrias, ansiosas

Pela contínua posse do porvir de ficção.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 12/05/2020
Reeditado em 12/05/2020
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