POEMA FÚNEBRE
 
Ultimamente recluso
Solitário e moribundo
Lembrando os tempos de antanho
Revés deste (tempo) estranho
No qual me sinto um intruso
Autor dos males do mundo.

Enquanto lia Plutarco
Para envernizar a cultura
Ao longe no mar extenso
Vi um ectoplasma imenso
Mais de perto era um barco
E as doze faces da feiura.

Lembrei das luas vermelhas
E do recente eclipse
Que os crentes viam sinal
Estranhos seres do mal?
Das vestes às sobrancelhas
Arautos do apocalipse?

Este mundo ao desfazer
Que finde comigo dentro
Porque não tenho coragem
De dar fim nesta roupagem
Que circunda o meu ser,
Ou meu sublime elemento.

Coberto o corpo com as terras
Das quais supõe-se a origem
Com a carne podre e funesta
Os vermes fazem a festa
Então acabam-se as guerras
Que encarnado me afligem.

Desde esta vida fugaz
Ao mundo eterno a chegada
Talvez retome o calor
De mãe, verdadeiro amor
Finalmente encontre a paz
Não me culpem de mais nada.
Luiz Carlos Gomes
Enviado por Luiz Carlos Gomes em 09/05/2020
Código do texto: T6941941
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