MISÉRIA
É a miséria que nos consome
O intelecto que some
Não basta morrer de fome
Somos devorados pelo homem
Cuja ganância prevalece
A inteligência enaltece
Quando apenas o “eu” merece
Cada coisa que acontece
Um ao outro se devora
Não importa o que é de fora
O que ao outro apavora
A mim tudo ignora
A miséria nos consome
Nos come a carne e a alma
O espírito apodrece
O olhar emudece
A matéria ainda é pouco
A moral não é nada
Mas o ser se torna pequeno
O existir não mais o quer
A miséria humana ainda é grande
O tema não é o material
Mas a substância de espírito
Damos passos lentos
Oxalá esteja vivo para ver
O sol nascer no dia em que o homem
Antes de si próprio veja o próximo
E só depois do outro
Sacie a sua fome