ALMAR
Ar
em movimento
vento
movimento de versos
que inflam as velas
de uma antiga nau
que navega
minha alma oceânica
as vezes águas mansas
outras tantas vezes
revoltosas tempestades
onde ondas ondeiam
sentimentos
que afogam, afagam
o eu navegante sem oriente,
que com olhos fechados,
ao som de um blues,
navego pelos mares da alma
nunca d'antes navegados,
com uma tristeza desconhecida,
solidão de me saber único,
bela angústia de me descobrir ser!
O blues, na voz rouca
de um negro do sul
dos Estados Unidos,
me leva a pensar no Mississípi
e nas relvas de Walt Whitman,
não me importo com isto,
deixo minha nau a deriva
levada pelo vento dos versos
onde navego sentimentos
em silêncio
no mar de minha alma
de minha almar!