MONÓLOGO - LIBERDADE

Final de tarde

Estou na janela

Olhando uma paisagem tão bela, tão bela…

Fico me perguntando, tentando me responder

Tentando entender

Meus olhos se prendem numa andorinha

voando tão sozinha

Voando, revoando, voando

E então penso neste nosso sonho de liberdade

Penso na cidade

Na cidade tão vazia

Penso nas ruas

Nas luas

que gosto de admirar

Prendo ainda mais o olhar na andorinha

Parece que ela está me convidando

a voar

Será que posso sair pela janela

e ir ao encontro dela?

Ah! Posso, posso

Qualquer vento me leva até ela

E ela me auxilia no voo

É tão pequenina e me orienta

Ficamos sobrevoando a cidade

Penso na maldade

Na maldade dos homens

Quantas vezes tiram a vida destes pequeninos seres!

Mas o maior mal é que o fazem a si mesmos

Criam em torno de si um clima hostil

Fico pensando no Brasil

Um país tropical

Tão lindo

Cheio de belezas naturais, praias paradisíacas

Mas com tantas desigualdades sociais

Como ter paz?

Fechar os olhos?

Arregaçar as mangas?

O tempo urge

O tempo é agora

A ampulheta do tempo não para de correr

A areia desce, desce, desce

Quanta gente cresce!

Se acha o maioral

É, se acha o tal

E desmorona sob um “temporal”

Porque o tempo costuma mudar

Parecia que a vida corria lisa, uniforme

Tudo estava estabelecido

Não estava

Era um ledo engano

Muitos acertos precisam ser feitos

O mundo começa em nós

Temos que fazer a nossa parte

Dar o melhor de nós

E o outro precisa dar o melhor de si

E o outro, e o outro

Aqui de cima voando com a andorinha que agora

já não voa mais tão sozinha

Olho um jardim

Um chafariz

Olho a natureza que me diz

Está na hora da humanidade acordar

Sonhamos liberdade porque estamos presos

Presos ao que não somos

E poderíamos ser

Mais humanos

Muito, muito mais humanos

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 29/04/2020
Código do texto: T6932172
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