MORTALHA DE PEREGRINO

MORTALHA DE PEREGRINO

BETO MACHADO

É cedo ainda

Pra pintar, com cores

D’arrogância e do orgulho,

Os feitos e as falas

Do meu pobre ego.

E, dessa defesa árdua,

Eu mesmo me encarrego,

No afã de desfazer

O que não é.

Pois minha bala clava

É a minha fé.

Pés na Terra;

Pensamento no Divino;

Os ditames Dele vou seguindo,

No limite dos mortais.

E até que finde a empreitada,

De eu carregar minha vida

No colo, por longa estrada,

Vou alimentando esse gosto

De alcançar o meu destino,

Sem calçados, sem chapéu.

Mortalha de peregrino

Embalar-me-á pro Céu.

Roberto Candido Machado
Enviado por Roberto Candido Machado em 26/04/2020
Código do texto: T6928849
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