OS PASSOS DO POEMA

OS PASSOS DO POEMA

Não sei,

salvo pela intuição metafísica,

para onde

quer ir o poema

no momento que o escrevo.

Mas ele pode valer-se

da claridade

do dia,

ou da escuridão da noite,

para construir-se.

Entretanto,

há uma luz íntima, a minha luz,

que o ilumina

de tal forma,

que a lucidez vocabular,

embora seja simples,

faça-o percorrer por veredas

que lhe edifiquem

o corpo poético,

usando a disciplina

inspiradora,

mas pactuando-a

com o fluir espontâneo

das ideias artesanais

que vão compondo o poema.

Em qualquer instante,

breve ou prolongado,

que seja

propício para construir o poema,

o rumor físico

que move o dia,

ou a sutileza espiritual

que fluidifica

a noite, contribuem

ao encadeamento das ideias

intuitivas;

mas é a luz interior,

a minha luz,

que clareia e direciona cada

passo percorrido

pela vereda poética,

para que a alma artística,

enfim,

alcance a forma textual

desejada e finalize o poema.

Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 22/04/2020
Reeditado em 20/10/2020
Código do texto: T6925350
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