OS PASSOS DO POEMA
OS PASSOS DO POEMA
Não sei,
salvo pela intuição metafísica,
para onde
quer ir o poema
no momento que o escrevo.
Mas ele pode valer-se
da claridade
do dia,
ou da escuridão da noite,
para construir-se.
Entretanto,
há uma luz íntima, a minha luz,
que o ilumina
de tal forma,
que a lucidez vocabular,
embora seja simples,
faça-o percorrer por veredas
que lhe edifiquem
o corpo poético,
usando a disciplina
inspiradora,
mas pactuando-a
com o fluir espontâneo
das ideias artesanais
que vão compondo o poema.
Em qualquer instante,
breve ou prolongado,
que seja
propício para construir o poema,
o rumor físico
que move o dia,
ou a sutileza espiritual
que fluidifica
a noite, contribuem
ao encadeamento das ideias
intuitivas;
mas é a luz interior,
a minha luz,
que clareia e direciona cada
passo percorrido
pela vereda poética,
para que a alma artística,
enfim,
alcance a forma textual
desejada e finalize o poema.
Adilson Fontoura