RESTIAS SILENCIOSAS
RÉSTIAS SILENCIOSAS
Olho a réstia
com sua mudez luminosa,
e tenho o reflexo
do sol perto de mim;
sinto-lhe graciosa
como um girassol,
espalhando
o seu olor vegetal pelas
cercanias campestres,
onde situam-se casas toscas,
habitadas por pessoas
acanhadas,
que talvez não vejam,
como eu vejo,
outras réstias silenciosas
que lhes trazem
a luz morna solar,
como um espelho fluídico
de energia pacífica
aos que queiram
lhe absorverem a emoção
de preservar o amor fraterno
em suas convivências
nos recintos domésticos,
inóspitos e esquecidos entre
as brenhas rurais.
O tempo faz perdurar a réstia
em dado ponto,
apenas por alguns instantes,
do sol sentir-se
alegre por emitir a sua luz
inofensiva;
enquanto a Terra lhe gravita
vagarosa,
até que, o astro solar,
de seu centro cósmico,
não produza réstias noutros
pontos, porque se escondeu,
findando o dia.
Com o olhar absorto na réstia
já inexistente,
o que me resta, senão,
o sorriso do girassol perfumando
o poema; agora sentindo nostalgia
pela ausência momentânea
da réstia; que, certamente,
qualquer outro dia,
que seja propício
a presença esplêndida do sol,
voltará a refletir,
como uma centelha silenciosa,
seu gesto comovente
de energia consoladora.
Adilson Fontoura