RESTIAS SILENCIOSAS

RÉSTIAS SILENCIOSAS

Olho a réstia

com sua mudez luminosa,

e tenho o reflexo

do sol perto de mim;

sinto-lhe graciosa

como um girassol,

espalhando

o seu olor vegetal pelas

cercanias campestres,

onde situam-se casas toscas,

habitadas por pessoas

acanhadas,

que talvez não vejam,

como eu vejo,

outras réstias silenciosas

que lhes trazem

a luz morna solar,

como um espelho fluídico

de energia pacífica

aos que queiram

lhe absorverem a emoção

de preservar o amor fraterno

em suas convivências

nos recintos domésticos,

inóspitos e esquecidos entre

as brenhas rurais.

O tempo faz perdurar a réstia

em dado ponto,

apenas por alguns instantes,

do sol sentir-se

alegre por emitir a sua luz

inofensiva;

enquanto a Terra lhe gravita

vagarosa,

até que, o astro solar,

de seu centro cósmico,

não produza réstias noutros

pontos, porque se escondeu,

findando o dia.

Com o olhar absorto na réstia

já inexistente,

o que me resta, senão,

o sorriso do girassol perfumando

o poema; agora sentindo nostalgia

pela ausência momentânea

da réstia; que, certamente,

qualquer outro dia,

que seja propício

a presença esplêndida do sol,

voltará a refletir,

como uma centelha silenciosa,

seu gesto comovente

de energia consoladora.

Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 20/04/2020
Código do texto: T6922795
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