A LINGUA DA POESIA
A LÍNGUA DA POESIA
A língua da poesia me revela,
o esboço de mais um poema;
vejo-o do parapeito da janela
como um atrativo,
sem nenhum dilema.
A língua da poesia,
influi-me abordar acerca
de algum tema
que ache interessante,
enquanto contemplo no céu noturno,
o brilho cintilante de alguma estrela,
admire no cerrado,
o porte altivo da seriema,
ou veja na praça, cuidando de sua arte,
o pintor de aquarela.
A língua da poesia e o seu amor
pela arte poética.
Anima o poeta, para que faça versos
sobre a claridade do dia
enquanto o sol não se esconde.
E do dia reste apenas
o ocaso no horizonte,
ostentando sua beleza crepuscular.
Da língua da poesia
brotam os meus poemas circunstanciais.
Posso estar debruçado
sobre o parapeito da janela;
posso estar deitado sobre a cama;
posso estar sentado no sofá;
posso estar andando na rua; posso
estar banhando-me; posso estar
almoçando; posso estar num bate-papo
habitual com minha esposa,
ou eventual com algum amigo,
ou então, voando em minhas projeçoes
astrais, a língua da poesia está viva
em mim, faz parte de mim,
jamais se separa de mim, influindo-me
poemas, ora como alma encarnada,
ora como espírito desencarnado.
Adilson Fontoura