O Perfume das Coisas

Nos movimentos da vida apalpamos os vazios da alma

Sentimos àquilo que nos escapa dos dedos

À nossa frente o imperativo de sermos só nós

Acima de nós, ninguém

Desolados e solitários seguimos

Para Ter não reconhecemos limites

No regaço da auto exigência nos desconectamos do Ser

Buscando alvos cada vez mais desumanos

Dentro de nós, pressa, ansiedade, depressão

Imersos nos excessos de modernidade nos perdemos

Mergulhados na tecnologia obstruímos o sentir

E por fim, áridos e sem sentido algum

Nós, homens cansados, perguntamos

Onde anda o aroma das coisas

Os olhos errantes da contemplação

Os pensamentos saltitantes

e o recolhimento sábio feito sombra das árvores que nos acolhe?

Ah deserto! Onde estão os oásis da alma

Quando e onde voltaremos a perceber novamente o perfume das coisas?

Clivânia Teixeira, 15.04.20