ANDARILHO

Andarilho, cabisbaixo,

minha linha do horizonte

é a calçada

e com passos de balé

com meus pés toco o chão,

equilibrista na corda bamba

da linha do meu horizonte

calçada!

Andarilho, me quero solitário

na minha solitária liberdade,

alucinado,

sentindo todo o meu ser

na ilegalidade, um pária,

sem registro de CPF ou RG,

e não sendo número, me nomeio,

meu nome é meu nome,

não rastreável no tempo e espaço!

Andarilho, cabisbaixo,

minha linha do horizonte

é a calçada,

e na ilegalidade da liberdade,

declamo versos, versos e versos

de uma poesia improvisada

que nunca será escrita,

e levada pelo vento que sopra,

para só Deus sabe aonde,

se não for Deus o destinatário!

Na realidade, pouco me importa,

só a calçada,

linha do horizonte que piso

e andarilho, cabisbaixo, decifro

segredos indecifráveis!

Andarilho, cabisbaixo,

na linha do horizonte que piso,

calçada,

atentamente ouço o som,

o som, como de um coro de anjos,

do solo da guitarra de Hendrix,

e vislumbro a possibilidade de ser,

libertado do enfadonho incômodo,

de ter sempre que ser feliz!

Andarilho, cabisbaixo,

pouco me importando a rima,

vagabundeio preguiçoso,

da preguiça de Macunaima,

na linha do meu horizonte

calçada,

improvisando versos, versos e versos

ao som da guitarra de Hendrix,

sentindo, andarilha, a alma libertada!

Antonio Marchetti
Enviado por Antonio Marchetti em 14/04/2020
Reeditado em 17/04/2020
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