SOBRE ABRIR E FECHAR A PORTA
Meus braços dão a volta no mundo
E percebo como ainda sou ínfimo
Queria fazer dessa travessia um recomeço
Tenho essas ilusões de tempo e espaço
Busco decifrar nesse chão algum motivo
Por aí, há muito mais estradas que caminhos
E posso mentir que não sei para onde ir
Posso ficar mastigando nessas horas meu cansaço
Mas sei que tão importante quanto viver é recomeçar.
Vou procurando infinidades nos quadros da parede
Percebo que a única coisa que se pode perpetuar em mim
É essa voz fraca que ainda não se calou
Fico deslumbrado fantasiando esses universos
Porque sei que a vida é uma espécie de linguagem
Que uns dominam e outros se afogam
É nesse tempo entre abrir e fechar a porta
Que os anos correm como rios.
Você vai me dizer que sou apenas uma sombra
Resmungando, corroída, seu desespero
Eu posso calar, posso concordar contigo
Posso alimentar essas superficialidades
Que moram nos enganos mais ternos
Como posso dizer de todo meu desassossego
Que os homens inventam sonhos para sobreviver
Mas que no fim é a realidade que os devora.