PERPÉTUA PENA
Acabada a poesia
a alma repousa,
pousa calma
como o pássaro no ninho,
e o poeta, iludido,
respira como os mortais!
De repente o tranco,
solavanco, esbarramento,
empurrando a alma pousada!
O poeta se demora,
ignora
como se não fosse com ele,
acuado
se desconsola
e sai pelas ruas fingindo,
fugindo
percebe-se cercado,
a cidade toda
se versifica,
tudo que o poeta toca,
de reverso, vira verso,
e o poeta fugitivo,
tentando esquivar-se, entende
que sua pena é perpétua,
agora sabe, rendido,
que a poesia pensada acabada,
se estende em versos ao infinito!