PERPÉTUA PENA

Acabada a poesia

a alma repousa,

pousa calma

como o pássaro no ninho,

e o poeta, iludido,

respira como os mortais!

De repente o tranco,

solavanco, esbarramento,

empurrando a alma pousada!

O poeta se demora,

ignora

como se não fosse com ele,

acuado

se desconsola

e sai pelas ruas fingindo,

fugindo

percebe-se cercado,

a cidade toda

se versifica,

tudo que o poeta toca,

de reverso, vira verso,

e o poeta fugitivo,

tentando esquivar-se, entende

que sua pena é perpétua,

agora sabe, rendido,

que a poesia pensada acabada,

se estende em versos ao infinito!

Antonio Marchetti
Enviado por Antonio Marchetti em 09/04/2020
Reeditado em 22/04/2020
Código do texto: T6911774
Classificação de conteúdo: seguro