CANTO DE SEREIA

Quando criança, meninote ainda,

na areia a beira mar,

sentia nos pés as ondas

que iam e vinham!

Quando criança, meninote ainda,

olhava admirado o horizonte

certo que ali, naquela linha,

céu e mar se encontravam!

Quando criança, meninote ainda,

sem perda de tempo, me perdia no tempo,

não sabia que o tempo passava,

e que passando o tempo, só resta o passado!

Hoje, gente grande, aquele meninote,

sentado na areia a beira mar,

sabe que o mar é somente mar,

e que lá, na linha do horizonte,

céu e mar nunca se encontraram,

sabe que o mar ultrapassa o horizonte

se tornando oceano, Atlântico oceano!

Hoje, gente grande, aquele meninote,

pensa em Ulisses, preso ao mastro, alucinado,

ouvindo o canto encantado das sereias,

e se lembra do canto da sereia

de cada mulher, que alucinado amou!

Hoje, gente grande, aquele meninote,

olha o horizonte com curiosidade,

compreendendo que todas minhas sereias

nunca habitaram mar algum,

mas eram, elas todas, sereias da cidade!

Antonio Marchetti
Enviado por Antonio Marchetti em 09/04/2020
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