Só a arte poderá nos salvar.
Sento-me quieto, impuro e sóbrio na mesa de um boteco.
Peço uma cerveja amarga, talvez uma conversa afiada
Mas olho para a rua, dou um trago na cachaça
Uma criança tenta me vender flores
Fumo meu cigarro e olho para ela
E vejo a miséria do mundo nela
Um mendigo e seu cachorro do outro lado da rua
Onde algumas putas andam seminuas
vendendo seus corpos e sua dignidade por uns trocados
Por onde olho vejo o que deveria ser pecado
Mas é apenas medo que vejo nesses coitados
Pego meu copo e dou mais uns goles e refresco minha garganta
Que quer gritar pra todos os cantos e a todos que querem ouvir
Para os dias que estão por vir, não adianta rezar.
Só a arte nos salvará
Ouça uma música, toque um violão
Com sua própria vóz, cante uma canção
Que fale de amor e de almas perdidas
E tudo mais que cresce e se desfaz nessa vida
Pinte um quadro, esculpa uma escultura
Nesse mundo doente, aproveite sua loucura
Aqui somente o espírito livre resiste
Já sabemos que a vida não basta, por isso a arte existe
Os sãos vão para o céu
Eu quero ir pra São Tomé
Cantar com o Ventania sobre o nosso baseado
E com um estranho falar sobre o passado, o presente e o futuro
E entre esses sonhos desvairados
Quero mais um gole de cerveja
“No seu copo, no seu colo e nesse bar”
Por isso tudo e muito mais, viva, pense e dance
Cante tão alto quanto sua voz possa aguentar:
“Só a arte poderá nos salvar”