A Flor do Asfalto

Hoje meu interesse se voltou para uma linda flor branca.

A poeira da rua pousada em suas pétalas denunciava o que me chamou a atenção.

Delicada e bela.

Porém não frágil.

Resistente.

Insistente.

Rasgando o concreto de uma rua movimentada.

Coexistindo com máquinas e pessoas.

Sobrevivendo à enxurradas de uma cidade mal projetada e ao calor abrasivo do asfalto.

Ela exalava de forma imperceptível uma poesia singela aos meus olhos atentos. Sem esperar ser notada ou regada.

Contra todas as possibilidades.

Simplesmente existia e assim dava o seu melhor para florescer.

Sobrevivendo até que um dia qualquer seja arrancada, atropelada, ou mesmo até, pisoteada de forma displicente por alguém que cruzou com ela apressado.

Algum dia ao passar nessa rua, com um sorriso nos olhos, vou lembrar que escrevi sobre essa ausência.

Sobre algo que, apesar de belo e forte, não era pra ser.

Douglas Rafael

Douglas Rafael
Enviado por Gil Raider em 02/04/2020
Reeditado em 02/04/2020
Código do texto: T6904271
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