Insensível

Estarei eu inundado por dentro?

Há tempos não cai uma lágrima,

Desta face de mármore talhada,

Para quebrar esse fingimento.

Ou será que a fonte secou de vez

No calor ludibriante da rotina,

Que veste a expressão da minha tez

Com uma austera e rígida cortina?

Talvez essa água salgada solidificou

Meu corpo nada mais que mundano,

Que somente quando criança chorou,

E virando Boneco de Lata provou

Ser estátua disfarçada de ser humano.