ESPELHO INTIMO
ESPELHO ÍNTIMO
Retiro também
poesia
de minha tristeza,
que,
sendo breve,
vai-se no vento.
Canto-lhe, então,
o que lhe resta
de tormento;
não quer ir
com o vento,
mas, não
mais me serve.
Nesse caso,
logo
lhe excluo
pra longe de mim,
impureza!
A tristeza,
se me existe,
ocorre-me
num breve instante,
em que
as horas passam
por mim,
livrando-me
das más energias.
Como um espelho
no tempo
transitório,
que reflete
minha situação
angustiante.
De alma
que luta
pra tornar-se
menos impura
no decurso
contínuo
dos dias.
O que me sobra
desse canto
dorido
de triste beleza,
vou deixá-lo
esquecido
nos passos aflitos
das horas
desertas...
Outro vento
me trará
um novo canto,
no qual
a sutileza
poética
vai emergir
de meu espelho
íntimo, quais
alegres ofertas.
E assim,
a poesia
me inspira
menos tristeza
e mais alegria.
Fico atento
ao teor
dos sentimentos
nas horas
andantes.
Retenho
no espelho
íntimo,
a luz
que me traz
a ventania
benfazeja,
para que
o meu canto
seja sempre
uma plêiade
de versos
edificantes.
Adilson Fontoura