Invólucro
Quer enganar a quem
com esse invólucro
de madeira e verniz implacável,
flores nauseabundas
e dedos (lívidos) entrelaçados
na última dormência?
Levanta-te e anda,
diria meu “brother” Jesus (‘dzi-zes)
na reprise cinematográfica
do fim de ano e da semana de abril.
Esse invólucro é apenas
desculpa para não sofrer,
não amar,
não engordar,
não pagar a conta de luz,
não fumar,
não ouvir sermões radiofônicos,
não rezar,
não ver escrito na cal
seu epitáfio de sete chaves
e o sorriso desdentado
de seu filho mais novo
que chora de saudades
ao terceiro dia
e nunca mais (pois é, Poe).