NO BARCO A DERIVA

Quantos barcos

A procura de um remo

As ferrugens já se atracaram

O chassi está por um tris

As cataratas reluzentes

As lágrimas caem por si

limpa o nariz no colarinho

cospe sem vê

Resmunga pelos cantos

bafeja nos óculos

Come sopa e se lambuza

guarda os dentes no copo

Coloca a calça no tórax

Ajusta o cinto velho

A camisa toda torta

O sapato com buraco

Uma palha na orelha

Apaixona pela bengala

Um tabu nas axilas

Treme pra andar

fala com a sombra

Sonha consigo

sorri pro nada

Esse soube

Aflorar no deserto.