Encapetado
Sempre com veneno escorrendo,
Me disseram que eu sou muito mal,
Muitos estavam e me viram morrendo.
Sujo, imprudente e imoral.
Tô munido de razão, não de ignorância,
Me fiz forte desde a minha infância.
Querem minha fraqueza, esqueça!
Matando com maldade, sem defesa.
Me levantei primeiro, me dê a coroa,
O rei chegou se achando pra caralho.
O ódio de vocês me faz rir a toa
Não gostaram queimem o baralho.
Armadilha de indulgência não quero,
Sentença final, sempre réu, eu espero.
Falaram que tô encapetado sai da frente,
Não olhe para o lado, sou a tal serpente.
Tô observando a vontade de satisfazer,
Pecado exalando e vocês salivando.
Se liberte do medo e venha se conhecer,
Se querem, então por que tão criticando?
Quando existe medo não tem amor,
A dor não se encaixa com liberdade.
Acreditei e fui encarcerado e deixado.
Ser diferente causa alívio, entende?
Tenho dó de quem vive preso lá,
É que agora sai para voar e me encontrar.
Como posso ser feliz com punição?
Vejo minha vontade ardente.
Quente, que não se arrepende,
Fogo no escuro agora acende.
Agora escolho por mim,
Vou me guiando assim...
Vou que nem chama dançante.
Não parando de queimar,
Do inferno e inverno ao presente.
Da leveza da paz a Primavera florescente.
Vejo inocentes se enforcarem por fé,
Asas cortadas por poder, apenas por poder.
Não fico no meio, não quero se corromper.
Existem voltas e voltas, vou me recompor.
A cortina da ignorância leva a escuridão,
Luz do conhecimento para quem sair.
Deixe me ir, deixe me ir, só eu digo não!
Quem quer o bem não repreende,
Pede perdão e aprende.
Vejo calúnias e difamações,
Me queimem junto com essas reputações.
Se sair disso me fez bem, eu não sou mal,
Mas dizem que sou mal, então porque isso me faz tão bem?