REFÉM FELIZ - Luiz Poeta - Luiz Gilberto de Barros.
REFÉM FELIZ - Luiz Poeta - Luiz Gilberto de Barros
A cada vez que minha dor me diz bom dia,
A poesia brinca com meu pensamento...
Meu coração convida minha fantasia
E anestesia o meu próprio sofrimento.
Meu riso fácil mansamente se projeta,
Poeta ri, quando a poesia é seu espelho,
Mas também chora, quando lhe foge o poeta
E ele se curva à própria dobra de um joelho.
A cada vez que a dor se torna mais severa,
Amanso a fera, afinal, sou domador
Da própria dor que não resiste a essa quimera
Que faz de mim, refém feliz de um sonhador.
Estou aqui e sou feliz... esse é meu jeito
De abençoar meu coração com a alegria
E se o amor mais fraternal bate em meu peito
Ele transforma minha dor em poesia.
Tenho uma história e toda vez que a reconto,
Não ponho ponto, quando finda a narrativa,
É só alguém me ouvir, que encontro o contraponto
Da minha vida e pronto: encontro outra saída.
Deixo um legado para a dor que me provoquem:
A piedade... mas não sei silenciar,
E se eu chorar, quando eu sorrir, não me retoquem,
Preciso rir, sentindo a dor se dispersar.
A cada vez que o desamor me deixa triste,
A dor insiste... mas se ela não me doer,
Sinto-me morto e esse amor que ainda resiste,
É que me faz, sentindo dor, sobreviver.
As dores físicas não pedem permissão...
São atrevidas... sempre vêm sem avisar,
Mas se um rancor atinge em cheio um coração,
A solidão faz razão se emocionar.
E eu não nasci para sofrer, pois Deus me fez
Para sonhar... viver... amar... e ser feliz
E sempre busco me curar a cada vez
Que alguém me fere com palavras pueris.
A minha dor é espontânea e atrevida,
Ela revida toda vez que a desacato,
Mas eu a mato, porque se ela ganha vida,
Brinca com a vida que ainda há no meu retrato.
Faço uma selfie, meu sorriso é imortal
E debochado, quando a dor é insistente,
Pois cada vez que ela vem e me faz mal,
Deus ri comigo e volto logo a ser contente.
Às 9h e 38min do dia 7 de março de 2020 - publicado e registrado no Recanto das Letras.