O CARCARÁ

Do alto do Jacarandá, espreito: observo; porfio:

Do Sabiá detesto o canto;

Do Urutau não aguento o pio;

Do Beija flor não suporto o encanto;

Eis pronto meu cardápio;

E quando arremeto,

Do alto alço o canto

Um silêncio profundo; um profundo lamento:

O Uirapuru vertendo o seu pranto,

Chorando seu rebento.

Eu sou mesmo, mau. Sou frio,

Sou violento,

Não à toa me chamam Carcará,

Carcará sanguinolento.

*Uma crítica à violência da Operação Condor realizada por diversos países da América do Sul nas décadas de 70/80 contra opositores do Regime Militar.

JADILSON
Enviado por JADILSON em 27/02/2020
Código do texto: T6875481
Classificação de conteúdo: seguro