O CARCARÁ
Do alto do Jacarandá, espreito: observo; porfio:
Do Sabiá detesto o canto;
Do Urutau não aguento o pio;
Do Beija flor não suporto o encanto;
Eis pronto meu cardápio;
E quando arremeto,
Do alto alço o canto
Um silêncio profundo; um profundo lamento:
O Uirapuru vertendo o seu pranto,
Chorando seu rebento.
Eu sou mesmo, mau. Sou frio,
Sou violento,
Não à toa me chamam Carcará,
Carcará sanguinolento.
*Uma crítica à violência da Operação Condor realizada por diversos países da América do Sul nas décadas de 70/80 contra opositores do Regime Militar.