SOLIDAO

SOLIDÃO

Solidão não

é a sensação sentida

por quem escreve.

Eu mesmo

não a sinto, quando

me ocorre escrever.

Porque a arte escrita,

como qualquer

outra arte

peculiar, se presencia

e não deixa

o artista solitário.

Quando se presume

que solidão

seja a ausência

física de alguém,

do lado de alguém

que se sente só,

quem assim pensa,

incorre na insensatez

imaginativa,

porque,

quantas vezes,

alguém está

cercada de gente,

e, ao contrário,

se acha na mais

angustiante solidão?

Nesse caso,

não é a presença

de alguém, do lado

de quem

se sente sozinho,

que faz

a solidão inexistir.

Mas a forma

como quem

se supõe solitário,

lida com

o próprio eu.

Na medida

em que precisa

conhecer-se,

edificar-se,

renovar-se.

Às vezes,

a presença espiritual,

invisível

ao olhar carnal,

consola alguém

que está

com a aparência

de solitário.

A impressão

que se tem,

e de não sentir-se

sozinho;

e, algumas vezes,

a própria vidência

mediúnica

revela a companhia

espiritual.

Por isso, não tenho

e nem temo

a solidão.

Quando a pessoa

física não está

perto de mim,

a presença da arte

que exerço,

não me deixa

sozinho. Além disso,

o meu eu, a minha

sensibilidade

mediúnica,

faz com que,

os amigos espirituais

estejam perto

de mim, não como

assombros

de minha suposta

solidão, mas sim,

como entidades

vivas que podem

me fazer

companhia

consoladora,

sobretudo, quando,

por alguns

momentos aflitivos,

eu me sinta

tão só.

Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 24/02/2020
Reeditado em 27/01/2021
Código do texto: T6873327
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