OLHAR EM ESPERA
Eu poderia morrer olhando para você, mas, não será do meu jeito,
Tudo tem sua dinâmica própria, a retórica estraga as coisas boas,
Escolhas, bolhas que explodem, bandeiras que sacodem a poeira,
Cortina insuportável que me faz espirrar, alergia que me consome.
Venho tentando compreender o amor e sua riqueza de sortilégios,
Impérios que ele conquista e os tantos que ele devasta, rica casta
De privilegiados que vivem em seus palácios, os quartos arejados,
Os banhos preparados com as melhores essências, não humanas.
Ouço portões sendo esmurrados, olhos enciumados e o desprezo
De quem dá as ordens, amparado pelas muralhas intransponíveis,
Seres desprezíveis, descartáveis após o uso, com reuso discutível,
Sobras que criam monstros e sábios, lixos e átrios, apenas o muro.
Compreendo a avareza com clareza, pois, é o instinto não domado,
O egoísmo consumado, a matéria sobrepondo o que quer que seja,
A cereja que se exige no bolo, o tolo e a felicidade que imagina ter,
Se acordar a tempo, quem sabe consiga me encontrar novamente.