Sementes de sonhos
não me perdi pelo caminho
fui me deixando ficar aos poucos
pedacinhos de quimeras
flores de extintas primaveras
nem sei quanto ainda resta de mim
as lascas que se soltaram
como penas de gaivotas
feito pétalas de rosa
como carícia amorosa
no chão foram germinando
eram sementes de sonhos
grãos preciosos de vida
esses encantamentos
livres pássaros pela estrada
partículas de tempo espalhadas
luz que atravessa memórias
janelas que se abrem para ontem
como viver duas vezes
alma que vive dentro e fora
na pele que já não existe
nos olhos que enxergam diferente
nos pés de andar experiente
nas mãos manchadas pelo sol
agora que sou parte transformada
delego ao leigo a rota e a sina
estendo a mão desafiante
e sei que ao menos por um instante
posso fazer oferta honrada
de uma verdade constatada:
o paraíso é logo ali...
atrás
Helenice Priedols