Alma Fragmentada

I

Suprime testamento. Cólera melancólica.

De meu aposento, mar em tormenta,

descansar primaveril.

Eterno galanteio.

De minha negra estrela, crepuscular anoitecer.

Do casto ingênuo. Canções romanescas,

musicadas. Tocadas por alaúdes.

Para deixar de ostracismo

vem chegando a hora mestra.

Augusta lírica clássica,

eco transpassar por meus ouvidos.

Livre vive sem liberdade.

Fascinante dívida com a escrita,

adorável inestimável, terrível tinteiro

Batimentos cardíacos descompassados,

bendita fugaz fragilidade. Esta pintada em cada página,

universos criados no audaz etério austero, mundo interior.

De mãos dadas com meu próprio Eu, serei

também por horas meu Santo banal e,

por minutos meu Demônio casual.

De antacho taciturno, preso no existir, da fria inexistência.

Por preferência essência interior. Viva!

Da vida causada pela causalidade, nada há se fazer.

De respeito à existência; Tudo para que sejas apenas uma vez.

Será assim, melhor vivida do que em mil outras vezes

Do vazio inútil, inoportuno, pobre e podre

faz-se valoroso por meio do véu

da representação criada por uma besta mendicante.

II

Eu em Paris fingo estar na Lafayette e Saint-Honoré

em Londres, Oxford e Harrods, trajando paletó de tweed.

Em Nova York, Quinta Avenida, faz muito frio.

Em Milão, Vittorio Emanuele. Arte renascentista.

Caí de meu bolso das cidades Elizabeth Alden

bestas memórias invividas imaginativas que para mim são sem serventia

Chianti toscano, eu quero peço depois despeço, doce amargo que

amarra a digestão de meus pensamentos congestionados.

Champanhe de Champagne, minha taxa criativa desfalece

Um filme noir ou de Fellini, êxito exemplo por real inverossímil

Outra película de Hitchcock fascinante exímia taquicardia

III

O neófito tange meu farol. Maldito capataz. Dezenas de centelhas de morta gente. Nunca te disseram que não fostes bom, aquele tempo. Luz ao horizonte - Luminosidade nascida de meu farol. Falso vernáculo, enganado, falsário. Uma dose bucólica para cessar o mal metropolitano. Arquipélago insolar, irrisório tentar nadar. Falta de amor para com o desamado. Aplausos maquiavélicos e canções de trovadores, aos manifestantes da praça. Duras pedras douto caminhar. Lâmina afiada. Fibras carnívoras cortadas. Três casas na vizinhança, doze janelas, quatro cães um pássaro, sete amoreira, oitos Moreiras, nove pêras ao chão caídas da pereira símbolo dos dez Pereiras. De carruagem ou charrete, chegou nalgum lugar. Inseto detetizado, peste eliminada, infectados desinfetados morto não morto. Morte irrealizada, questão pra depois. Jóia translúcida roubada, negra veste ladroeira. Espectral, fantasmagórico matagal. Um suspiro, um sobro para desmoronar o castelo de cartas. Deixe que o vento lhe desconstrua. Fava de baunilha, farinha na peneira do engenho de açúcar pronto para ir da moenda de café para vossa mesa. Túmulo luterano de ano em ano mais habitado; Flores inexistentes nunca murchas, epitáfio de latão por toda parte. Cidadão mal remunerado. Acamado indigente. Intinerante circo, aqui atracado. Tenda velha de novas cores: Magenta e escarlate erguida em solo aquoso, regrada de gente sem graça e insonsa. Palhaço incompetente que não faz palhaçadas. Sorriso invisível. Interessantíssima maquete do parque. Solidão? Não sabes que sou minha melhor companhia. Duas dúzias de doces compostos de açúcar para quebrar vossa alienação. Bisbilhoteia a vida alheia a abelha. Cisca no terreiro a velha d'Angola. No quintal presentes erva-daninhas o quitandeiro não monta sua quintanda, e estraga moranga, morangos, maçãs, bananas maçãs, tangerinas, carambolas e todas as laranjas. Quarto quadro em meu quarto, retratado o abstrato. Ludibriado artista não rouba apenas copia, êxito inalcansável. Figura homérica, deus inferior amigo de Caronte, hidra amaldiçoada caixa de Pandora reaberta. Mistério virginiano epopéia dantesca. Pérola salgada. Anêmona descolorida, engasgo e embolia peixeira. Lá de bem alto, fumaçaria.

IV

Livreto de rapsódias, folhetim ultra-romântico,

Palavras riscadas que nada dizem

Caligrafia universo galático

Controverso todo escrito. Por quem riem?

Ris da gargalhada!

Rio naufragado.

Tempestade torturante malquerer minha querida

Vinhas de raridade para ter andantes amantes do bem-querer,

meu querido

Jogado ao vento

Sagrado morto, delgado fato

Que eis enfático tanto que me transpassa

E deixe-me com o passado inesquecido

Metafísico transcender. Meu eu sonhador

Teu ser maldizendo meu ser. Cale-te agora

Ratoeira vossa praga indolor

Junto de suas heresias embutidas de pífia cólera

Serão denunciadas ao meu eu inquisitor

Nascido idealismo, falecido realismo

Vivo existindo no mundo de metamorfismo

Grandemente taciturno tal como

O modo de operar da mente de um conservador

Helena de La Dauphin
Enviado por Helena de La Dauphin em 21/02/2020
Código do texto: T6871511
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