As horas
Da janela, os olhos espiavam a rua
Deserta e solitária.
O sol deitava-se sobre as pedras quentes
Janaina esperava...Outra tarde, outro dia
Novo dia, outras horas
Velhas tardes.
Janaina não olhava as horas
E o tempo corria!
A chuva chegou a sua janela
Ela a fechou.
O sol não coloriu o horizonte
E foi embora.
Janaina abriu a janela
Era um beija-flor
O dia estava com um gosto de chuva fria,
Um pálido dia
Mas as flores dançavam com o vento
E agarradinhos aos cabelos do sol.
Da janela, os olhos espiavam a rua
Vazia e silenciosa
A chuva deixara, ainda que breve,
As suas marcas molhadas
Janaina esperava...
O sol lambeu as pedras molhadas
Da rua
Bebeu dos telhados umedecidos
Vestiu o horizonte de cores grená
E partiu.
A noite nasceu sobre os olhos
De Janaina.
As horas se passaram, sem sonhos
Sem quereres, sem tempo perdido,
Sem medos, sem velhice, elas,
As horas, são insensíveis, não têm sentimentos.
E Janaina não viu!
Os olhos tateavam as velhas pedras da rua
E na tarde tentavam enxergar as cores.
As manhas pareciam ser todas iguais.
Ora o beija-flor era só um vulto
Em envolto a algumas manhas
De um passado de espera.
Janaina esqueceu de fechar a janela!
O sol já nascera, a adornar as cortinas
De um novo dia!
Deita-se sobre as pedras da necrópole
E sem pressa, ilumina o nome de Janaina,
Janaina dormiu...!