FLORES ENTRE PEDRAS
A terra é ventre aberto
À espera do arado,
Dos carinhos férreos
Molhados pelo suor
Laboral derramado
Enquanto espera o grande gozo
Troca carinhos com as trepadeiras
Capins e carrapichos
Esperando a semente frutal
Na noite derradeira
Regala-se nos bosques
Nas umidades férteis
Parindo flores e rios
Numa paridade sem fim
E João arou os caminhos
Das marés e da Andaluzia
E entre ressacas
castanholas e ciganas
Lapidou os seus fonemas
(Homenagem a João Cabral de Melo Neto)